10 de dezembro de 2008

Me Fez Rir

Do não motivo pra rir
Do filme que não é comédia
De palavras tristes
De vis impedimentos
Foi por você que ri

Das intrigas mais ordinárias
Do sentimento embrionário
Da história sem graça
Da piada escassa
Foi por você que sorri

Do gesto súbito
Da palavra cândida
Da presença fascinante
Do carinho suave
Foi por você que gargalhei.

5 de dezembro de 2008

De Uma Outra Inspiração

Uma inspiração
Gerou a seguinte definição

É fato mesmo

O propagandista
vende a chama de um fósforo

A poetisa
acende a chamade uma paixão.

E tudo isso
É pura criação.

30 de novembro de 2008

Palavras Vazias, Pias.

Escrever torna-se difícil
Quando a rotina acelera
E o lápis, cai no abismo
do
caos.

As palavras recuam
Temem desaparecer
Pelas tantas outras que as sufocam,
porém, vazias de significados
Meros, significantes
Ícones ditos, reditos,
malditos.

Palavras, preencham-se!
Para que nossas mentes possam penetrá-las
e que nossos olhos possam ser lidos
por vocês.

23 de outubro de 2008

Ensaiar que Não Cansa

Postura, plier
Dançar, só querer girar
Pela leveza de um debulê

Com ou sem sapatilha
Se perder em uma ilha
Cercada de espelhos
Mergulhada no esforço
Que acaba em palpitar
E em sorriso para o moço

Dançar, dançar
Os passos ditados
Cumpridos com o prazer
Que nada mais mandado
Há de causar
Suar...

A dança
Tú és dedicação de amador
Declaração de amor
Que de tanto ensaiar
Não se cansa.

11 de setembro de 2008

Eu e o Não-Tempo de Ser

No momento, posso dizer
que sou apenas eu
alguém de pele, carne, osso
pensamentos, luz e breu

Eu, que escrevo, tento, atento
Vejo o mundo a vagar, lento
Sem alento, sem lugar
Reinvento, me encontro lá

Eu, metamorfose ambulante
Sem tempo e com relógio
Sociedade alternativa inconstante
Criativa q ama e não tem o ócio.

29 de agosto de 2008

O Encontro Sem Esperar

Encontrar alguém
ficar do lado
segurar as mãos
entregar-lhe os lábios
pensar de dia
pensar de noite

Se sentir seguro
Quando tudo cai
Se sentir maduro
para escolher alguém

Deixar a paz invadir
o ar, o fogo
persuadir
Ao equilíbrio, um brinde
E o nosso amor, que brinque.

25 de agosto de 2008

A Voz da Intriga

Ser levada
Famigerada
Induzida, descamada
Desacreditada

A voz do povo
Não é a voz de Deus
Nem do Diabo
É a voz de ninguém
É a voz da intriga
É a voz de quem
Gosta de dizer
Que não diz

Infeliz.

Aprender que liberdade de expressão
É um direito, é um poder
Mas se não há o que dizer
Arranque a língua com a mão
E devore-a.

10 de agosto de 2008

Um Jogo

Não posso falar
Já não posso
A voz tremida
Falha, rouca

Dos gritos que já soltei
Das lágrimas que chorei
Da chuva que me molhei

Um jogo vencido
Escudo vibrante
Torcida brilhante
Torço, grito
E sem voz, não posso falar
Então, escrevo.

29 de julho de 2008

Os Dias São Meus

Hoje, o que não há
É o não dizer
que te amo.
Mas dizer tais palavras
Puras, é incompreensível
E por isso, declamo.
Entendo a carência
Que o faz se juntar
unir e gostar
de outro alguém.
Mas não me preocupar
É o que faço
Espero que te prezem.
Pois o que é nosso
já está em algum lugar
Escrito em versos.
Agradecer a paz
O amor, é o que faço
Ao Universo,

Que se curva a ti.
(Todos os dias são seus)

Em mais um dia,
sorria, contagie,
plagie, grite,
irrite, gargalhe,
batalhe, abrace,
amasse, ouça,
força, viva,
aproveite.

E como dois
Em loucura imersos
Que em mundo tão disperso
Possamos esbarrar o mais lindo sol
Na estrada interpretada no palco pela atriz...

28 de julho de 2008

Leve

Algumas vezes
Quero sair
Viajar, acampar
Ser do mundo
Da geração do imundo
Para os limpinhos
Que só tem a falar
E nada fazem
Que só tem a calar
E engolir sacanagem
Sorrindo
Diminuindo
A capacidade de sermos
Maiores, seres enorme
Perdidos no ermo caminho
Que é sonhar, transcender
Daqui, da vida
Do ali, falida
Ah novidade querida
Seja bem vinda
Esteja viva
Para quem quer viver...
(Me)
(Leve).

23 de julho de 2008

Direito a Descansar

O sono que te leva
Para outro patamar
Te isola como a bola
Que não tem um só alguém
Para lhe chutar.

Não me impulsiono
Me acamo, me derramo
Me acalmo, não declamo
Só me faço deitar
Encostar, repousar
Como o enfermo,
Que não pode levantar.

Já não quero amor,
dor, trabalho, calor
o frio, o cochilo
Ah, quero cochilar
Ao som do grilo
E dormir, sem um grito
Que me faça despertar.

Apenas me deixem
Aqui, por aí
Em uma cama que me chame
E possa me tragar
Mas se não devo parar
Me permitam o direito
De apenas desmaiar.

21 de julho de 2008

A Beleza de Estar Só.

Sobre a beleza de estar só
posso dizer que é belo,
é puro e ecoante
sua voz gritada
e retornada por lábios constantes

Posso dizer que é silêncio,
é não querer ouvir alguém
que venha a te tratar
como uma jóia frágil
ou alguém pra destroçar

Posso dizer que são cinzas
do corpo que já se foi
e não terminou de dizer
as tantas palavras errantes
que traduzem o que se veio fazer

Posso dizer que é rir pra si
do filme no cinema,
é comer toda a pipoca
e no fim da exibição
ter comentário e não poder fazer a troca.

17 de julho de 2008

"Publicitude"

Na vida pública
Se escreve
Se faz arte
Vendável
"Compre-me"
É a afirmação
A escolha é sua

Vem a censura
Que quer parar
Quem banca tudo
O que se diz agora
E o que se quer falar

Se já foi dito
A faca tem dois gumes
Antes de falar, pense
Repense, mentalize
Refale o que é costume
O que por sua riqueza
Nunca vai calar.

12 de maio de 2008

Inclusive os Miúdos

Não te dou o prazer
De chorar ao ver
As águas que banham
A face borrada
Encharcada e apagada

Te deixo as lembranças
Os sonhos de crianças
O riso e as alegrias

O preço dos cacos
partidos em estilhaços
Não vou te pedir
Prefiro espalhá-los, reduzi-los
Para que não possa reconstitui-los

Só não te dou o prazer
De sofrer ao saber
Que sofro mais
Fico com tudo
Esperança, tristeza e os miúdos.

11 de maio de 2008

Se Não Para Isso

Eu apenas gostaria
De te dizer, de transbordar
Que amo-te

E sem você,
sou as reticências;
De quem não espera, a impaciência;
E do relógio, a não frequência.

Se não para admirar
o jeito sinuoso
a fala tão calma
a inquietude do teu sono
o sussurro da alma
o talento já inegável
a beleza sublime
o orgulho irredutível
a decisão que desafine
a fortaleza de um abraço
a cautela do beijo
o estilo refinado
a timidez do desejo
as pintas localizadas
os cachos inebriantes
a esperança sempre alerta
o sotaque aconchegante
o pensamento escondido
o olhar que segura
a lágrima cintilante
a expressão tão pura
Para que continuar a acreditar
Em amor, em amar?




26 de março de 2008

A Ela.

Os pés cruzam-se
Grudam, soltam-se e açoitam-na
As madeiras, que se tacam,
E não atacam. O som...

O chão acariciado
Pegadas formam um caminho
Traçado, levo a você
Mas não sou eu, é ela
Ela que é sua, é nua
Ilumina a lua que ilumina você
Ela

Canto a ela por teu encanto
Que não roubou o que eu não tive
O que não vive, já enterrei
Como o órgão interno no corpo e ainda pulsa.
A ela.

13 de março de 2008

Sentada Pulo

Sentir um gosto amargo
Com o ventre, azedo
Sulco verde, latente
É o...

Sente-se no estômago
E a pobre razão, coitada
Não é a culpada
Se fosse raiva no âmago

Nego. Nego a negra sensação.
Pego. Pego o quente e engulo.
E rulmino-o. Há tensão.
Grito calada e sentenda pulo.

(Uma fala)

Nem toda amizade é desejada.

12 de março de 2008

Minutos Que Escorrem

Os minutos, como lesmas, escorrem
Deslizam pela fria superfície da sala
Parecem parados, atracados no porto
Da vagareza que envolvem as cinzas manhãs
Por dentro, sinto tudo torto
Desce pela goela a aspereza das maçãs

Como extenso é o tempo
Quando se entra no avião
Sofro na densidade do momento
Que relaxa as horas, após a sofreguidão

Chegar a você é lacrimejar de alegria
E derramar-se a cada despedida
É rogar para que o mundo encurte
E não haja partidas, nem o frescor
Das incandescentes gotas. Que me furte...
A união, fim esperado pelo amor.

29 de fevereiro de 2008

Cheio

O branco
Quando aparece
As palavras
Desaparecem
As sensações
Já nos esquecem
O que se foi
E me deixou

Escrevo
O que acontece
Quando não há nada
E o interior fenece
E cada linha
Já enaltece
O que pode vir
O que já me amou

E só as letras traduzem
Como cheio de vazio eu sinto
O corpo que não anda
O coração que não bate
A casa que não abriga
O que leva e não rebate.


18 de fevereiro de 2008

A Cada Gota

O mundo
Imundo
Antagônico
Agonizante
Suspira
Quebra a ira
No travesseiro

A cabeça afunda
Se inunda
Pensamantos
Bons momentos
Com você
Tão inteiros

Banho-me a cada gota
De boas visões úmidas
Que tocam mente e alma
Corpo e coração
E já mergulhei totalmente
Quando adormeço e elas se vão.

10 de fevereiro de 2008

O Menino do Livro

O menino do livro
Que lê, fala
Escreve versos
Debate a variedade
Dos assuntos mais complexos
Aconselha as dificuldades


O menino do livro
Vira página do avesso
Enterra todos com suas covas
E os renasce com belas palavras
Já é qualquer personagem
Do popular a Costa Gavras

O menino do livro
Com sorriso tão suave

Grita que sou mulher
Me nomeia todas as estrelas
É tudo que ela quer...

O menino do livro
Já mudou todo um mundo
E pode se transformar
Do mais nobre ao vagabundo.

8 de fevereiro de 2008

Brasa do Meio

Sentir verdadeiramente
É como a brasa
Brilha vêementemente
Sem casa, nem asa

Arde sempre
Pode acalmar ou não
Queima o ventre
E resfria a mão

Se esquece
Acha-se apagada
Pensa que falece
A sensação dourada

E uma brisa
Um vento certeiro
Apenas frisa
O que sabe o corpo inteiro

O sentir verdadeiro
É brasa fixa na alma
Protegida no meio
Mas que nunca está calma.

31 de janeiro de 2008

Alá, Meu Pobre Alá!

Só se ouvem
confetes, serpentinas
blocos e marchinhas
A marcha
Da menina que tem fome
Do rapaz desempregado
Do povo sem nome
Do corpo dilacerado

E a gente, vai seguindo
Cantando pelas ruas de pedra
"Está tudo lindo!"
Enquanto milhões de lugares
Vão se explodindo

Mas segue o jornal anunciando
Alegria, instrumentos pulando
Um povo sem dente esteve apanhando
E agora não pára mais de cantar

Porque chega o início do ano
E resta a esperança de bons tempos
E mesmo com chuvas e ventos
A gente segue cantando
Alá, alá, alá meu pobre alá!

E a gente, vai seguindo
Cantando pelas ruas já sujas
"Está tudo lindo!"
Enquanto milhões de lugares
Vão se implodindo.

26 de janeiro de 2008

Corta. Saudade.

Fria e estranha
Súbita ela chega e leva
Sem pensar...
E nós que somos tão racionais
Ao menos, cartesianos...

Mas o artista não morre
Aqueles cujo talento corre
Na veia, não há corte
O corpo vai, o trabalho escorre
A morte chega, a vida foge
O talento eterniza, a aplauso nos move

Não precisava ter ido
Insônia devastadora
Tão cedo, arrebatadora
E o menino inibido
Já tomou as pílulas da eternidade
E deixou as cenas...corta. Saudade.

18 de janeiro de 2008

No Entre Ato

No entre ato
Teatro
Em cada cena
Pequena
Grandes revelações
Ou não

Dedicar-se
Estudar a arte
É preciso vocação
E se o talento
É lento
Trabelhe então

Respire autores
Leia amores
Trágicos ou não
Articule bem
Conte histórias, cem
Com vontade na ação

"Contemporanize" os clássicos
E "classique" os novos
Brinque e aprenda

O teatro é um grande jogo
Da realidade imaginária.
A esse mundo, a melhor prenda.

1 de janeiro de 2008

Feliz Mundo Novo

Se mais um ano
Se faz novo
A vida que existe
Pode se renovar também

Fazer-se de nova
Chegar, brilhar, inebriar
Como o amador que liga
E ao que ama faz o bem

Que o branco da paz brilhe
Reluza por toda a humanidade
E o vermelho seja apenas paixão

E que o branco doce das cores
Proporcione não só na marca
Não só no açúcar, um mundo de união.

Feliz mundo novo!