O que dizer da vida,
Frágil vida decidiu partir
E nem pediu licença.
Anulou a presença do que foi, do que seria
Sentença sem fim de recorrer.
Bom. Bom tentar pensar no nascimento
Rebento do céu de duas jovens estrelinhas
Que de tão frescas, nem vê-se o brilho
E mesmo assim, faz o mundo contorcer-se
Numa breve tentativa de pegar
Ou simplesmente, acenar.
[tchau. Adeus, mocinhas cintilantes]
Despedida, dor viva do que não há
Explica por que um grão de areia
Pode evaporar-se do chão
Sem ao menos ter a chance de encoberto,
Coberto pelo afago da conchinha, perolar?
Sentimento, pressentimento, pesar
Presságio, o calar anterior...
Se uma angústia pudesse explodir
Mas ela é feita para ser engolida.
Engolir e engasgar com o ar que não ousa sair
Vil e inevitável, acidental relâmpago
Partir.