21 de junho de 2011

Na Estação

Ao passo que a vida corre de salto

Pisando em corações e acariciando outros, todos seguem.

O ritmo quem pode dizer é quem canta

Quem embala a tua estrada enquanto você pisa

Para não dançar.

Mas a menina já dançou.

Já expressou o sentir latente

Do corpo maior e sobre

Do partir do humano que por último, saltou.


- O trem pode seguir sem direção?

Ela ainda pergunta-se enquanto aguarda na estação

O bilhete que já esgotou.

A menina espera...


De mim, posso dizer que só aceitava a possibilidade

de ter você com exclusividade dessa vez

O que era meu, era só meu ou nosso. Ponto.

Mas como mentira, frágil e de vidro, espatifou-se

E finalmente pude ver, da forma mais clara e arrogante,

que meu, você já não era há um pedaço de século atrás.


Ela esperou, bebeu água de mar, sentou e adormeceu.

O sonho que poderia ter sido, não foi bom.

Ela despertou e percebeu que o bilhete ainda não havia chegado.

A tolice pode ser optar por crer no que se pensa

Ao invés do que está escrito e assinado em tuas mãos.


Fomos pra casa.

As nuvens mostram-se.

E o frio é apenas um estado que se permite sentir.

13 de junho de 2011

Já Nem Sabe Mais do Amargor.

Pedir para cuidar bem pode até ser demais

Quando nota-se que o amor não é tão grande assim

Querer o colo ocupado de alguém

Não é possível, amor, quando o amor não é tão grande assim.


A espaçosa lacuna que preenche o teu peito agora...

Quem manda ser tão extravagante e gostar do William

E ter saboreado o palco e não ter carreira?

Não adianta querer ser a primeira no pensamento

Pois quando só é o contrário, o amor não mais cresceu.


Não ter ouvidos prontos para as novidades fora dos toca-discos

Gostar do repetitivo, não ter um metal no nariz, ou nos lábios...

Tua perdição já está concretizada. Correr não adianta.


Você já nasceu com essa pele, cor e neurônios

Optou por movimentos e cenas que perguntam: “Para quê saber?”

Perdeu os cabelos que cultivei, não me acompanhou na carona que peguei,

no estar só, no me encantei por outras coisas de que são feitas relacionamentos.


Por ser só a menininha sem dor, artista de um mundo autista

Que nem sabe existir, sinto, mas o amor não é tão grande assim.

E a pequena partícula tua mergulhada, talvez evaporada esteja

Ou ressurja. Vai saber, ou não saiba, amor.

11 de junho de 2011

Ela [que quer ser atingível ou uma flor]

Sentou lá pra esperar

Uma parte, como a letra escarlate que você gravou

Um inteiro, no jeito obtuso que se auto-alcunhou

E que prontamente, ela renegou.


Olha-se para os dois lados

E a companheira solidão é bem-vinda

Porque ela se conforma com os devaneios acordados

Que pincelam ainda mais de cinza a atmosfera

Que uma outra sugou.


Tempo sufocante com cheiro de flor

Em meio à selva há sempre o frescor

E não só o medo.


Ainda sentada, os lábios róseos sussurram

Em um tom quase leve que só ouvem os objetos

próximos as portas lacrimosas e quase cerradas:

“Estive correndo com rumo, sem roupas

Sem as armaduras que outrora me vesti

Sigo despida, meu amor

Deito-me para que quem sabe, meu corpo vire flor

E tua chuva pouse, que seja uma gota ou toda ela, por aqui

Ou escolho não crescer.

Não há caminhar longe de você. Se ando,

É acreditando que um dia me seguirá,

Passeará pela estrada, que não mais uma BR quer ser.

Quer ser caminho, como dito flor, e não mais uma ponta.

Se vou, é pra te ver voltar.”


E nas palavras finais, ela diz assim:

“Queria ser mais. Um tudo e o melhor, se é possível.

Se a perfeição é inatingível, desminto então.

Quero ser um ser, tangível, uma mulher

Pra que suas mãos possam me tocar.

Que eu seja o nada, então, não tenho medo.

Se o nada for o que você deseja

Do fundo do oceano dos poros

Do barco que é o seu coração,

possa afundar em mim por vontade?”


Levantou-se.

Ao redor o mundo gris, modificou-se.

Ninguém apareceu. Seguiu em frente


Para que ele pudesse interrompê-la.