26 de outubro de 2010

Com Balanço de Jazz, Uma Letra.

Entra em campo, uma partida, um broto
Você a encara e ela a você, o início
Olho no olho, elogios e com algum esforço
por parte de um dos dois, um toque.
No final de toda história,
foi você quem ficou na mão...

Mas antes de ficar zero a zero, o desenrolar
Se os dois gostam da carícia, por que não continuar?
Menino, ela te chamou e você correu
Isso era tudo que não poderia ter feito
Estragou tudo o que tinha e o que nem podia
Doou-se demais de uma só vez.
Retroceda. Ainda há tempo.
Deixe-a voar e corte as asas mais livres que você já viu.
Enquanto ela sofre e roga-te para ir embora, fique.
Prenda-a em seu abraço até que o sono a derrube.
Ela não te pediu pouco, cara.

Só pediu o contrário e você não soube dar.

Enquanto traga o último suspiro desta paixão,
ela engole a última lágrima da raiva que comprou.
Vamos fazer um brinde ao amor
e a mais essa partida perdida
que empatou
você.

24 de outubro de 2010

À Não Tradução de Um Texto Difícil.

A definição do não ser, em certos casos
Acaba por ser uma definição, ou apenas uma melhor resolução
Do enigma do ser e existir de alguém
Complicado é dizer como é.
Traduzir pode ser estapafúrdio, e curioso o querer.

Se eu sou (apesar de estar mais para estou)
Creio que uma refinada antítese
Poderia certamente descrever-me. Ou nem...
Por que o constante é tão duvidoso?
Vide as campanhas feitas no ar, por aí.
Rabiscar, rabiscar e o reinventar
É uma solução mas não definitiva. Com hora marcada.
É só uma forma de ver

Me diz o que é certo, baby.
Me diz o que é ser, tá?
Me diz o que é ser certa.

Talvez seja incêndio e uma chuva de gelo
E alva, negra e mistério.
Não sou eu quem vai dizer.
(A hipocrisia que passe bem longe)
E talvez, na noite de 40
Ó meu "humanista", seja o beijo que não procura.
É, o tempo é tão curtojápassou.
Curto.

29 de setembro de 2010

Estranho Livro de Doida Receita

O mundo é uma massa
E eu, um ingrediente
Um bolo de gente
Que de tão diferente
Tende a se igualar e assar.

Se amargo ou doce meu sabor
Meu torpor é o que se sabe dizer.

Vamos fazer um bolo insosso de nós?
Com glacê de estrelas e cometas
E que o céu derreta e seja a cobertura
Deliciosa loucura é viver
Muito prazer, parte da receita.

28 de setembro de 2010

Gyn, Tônica e Concerto

Na sinfonia do te levar
As notas soam a falta da pele,
Da fala doce que lá está.

Tantos são os instrumentos.
O trompete suave sobrinho,
A flauta tocada afilhada,
Os ruidosos sorrisos do observar.

Pega-se o avião para a turnê da vida
Esquecida ou não, presente no sonhar
Que inconscientemente é capaz de aproximar.

Pode mudar? Mudar?

Compondo o beijo, são entregues os pontos
Tendo em mãos, a escolha passa a ser
Segurar ou não.
O descompasso é passado então?
Assista. Vá de encontro a composição
Que já passa, mas te espera entrar.

Sendo os desencontros partes da história
Como dois acordes, mesmo tocados distantes
Podem um dia juntos ressonar.
Não os apague da memória
Para que o encontro seja possível, do par.

26 de setembro de 2010

Ela Que Me Deixou.

Ah, que judiação
Notei que a infância largou-me
Quando deixei de ganhar
docinhos de são cosme e são damião.

Sem saquinhos,
Só beijinhos de paixão.

É chegada a hora de ganhar o pão.

8 de setembro de 2010

Um Chão Diferente e Forçado.

Para começo, tudo ficará bem
Mesmo em tempos de guerra
Ah, terra querida! Tão ferida
Em teu mar, quero me afogar
Só que por vontade própria
[Pode entender isso, mal que vigora?]

Tive um sonho com um céu de nuvens camufladas
Palavras que disparadas pela boca eram caladas
mesmo antes do nascer do sol que só há lá.
Recortes sobre o papel azul
A impressão de ligar o ventilador
e os pedaços de papel espalhar
um para cada oceano, é dor.

Não se pode regressar
Ponteiros correm sobre a superfície
Lisa, é a textura do meu bolso
Não se pode regressar
porém, se o sonho já é rosa, volta?
Tendo um travesseiro, mesmo ainda cabreiro,
fico a pensar, pensar.

1 de setembro de 2010

A Melhor Parte de Alguém ou Ora Bolas!

Riso. Quão tolo é o humor
que dele vira escravo.
Eis aqui essa dedicatória a ti,
que trabalha seu ridículo,
que assume teu fracasso. Arrisca.
A figura infantil, ingênua, arisca.

Bom é o teu universo de cores, criança.
Bom é entrar na tua dança.

Tua marcante presença suspensa no palco
ou arrastando os longos pés como, de si mesmos, menestréis
Assalto! Mentira e uma gargalhada
Que nobre é o teu ofício
Que árduo é o teu trabalho...
Pinta o vermelho do teu feliz,
que vibra, bem no meio da tua face maquiada,
Na'tchim! Nariz, ora bolas
que saltam em tua roupa.
Contra clown,
vote Down.

30 de agosto de 2010

Ainda o Violão

Sente na alma o deserto
mas no sorriso está tudo certo
Sabe que mentir pra si
É pior do que não mais
pertencer a ti
Roídas, as unhas que restam
são umidecidas no rosto
Casto, já gasto, que não o sente.
Onde ela pode comprar
as sementes da paz já perdida?
Na rua do tempo que não volta
Na casa dos milhares de planos não fecundos.

Só queria fazer-lhe saber...

Ela, violão sem cordas
ou vitrola sem agulha.

11 de junho de 2010

Respire, o Gelado do Vento

Por que está tão tão gelado
o piso que meu pé insiste em acariciar?
O gelo da saudade e da consideração não feita
penetra na inspiração para tomar cada poro
e palpitação que ainda cisma em vibrar.
Sofro pela maldade que não solta minha mão
nem ao meu chacoalhar
nem com água e sabão

Abro os olhos e um mar de gente confuso
mostra-se, precipita e quebra na face areia
já pálida. Querida luz solar,
você ainda aí está?

O vazio do tocar das pálpebras
já não me permite o sonhar
Se desta vez não desnorteio, sou sã demais.
Alguém traz a fagulha pro fogo da bondade acender
Como machuca não ser mais como era o passado'ce
Maculada, o fim da flor é morrer
Não saberei existir se o frio enfim, não desaparecer.


12 de abril de 2010

Acento da Xícara

Em dias de frio como este
Em que nenhuma forma de amor
Se apresenta
Acenta a xícara de café
na tela e no pires

É bom ver a amarga fumaça
e o ardente sabor escuro
que em dias frio como este
é o único capaz de acalentar a alma,
acalmar o frio e esquentar a solidão.

6 de abril de 2010

Uma Balada Pra Quem

Um gotejar que não pára
Ping, ping, chuá, chuá, trovvv
E a nuvem não seca, seca
Seca de pingar
O lavar das mãos está forte
Me arranca, céu, até o norte
Pra onde eu possa congelar.
De vez

E me carrega o frio, de volta
Na veia grossa que mistura
A amarga inquietude
com o gosto de fel da melancolia
Faltava a alegria.

Que transpasse a luz, o céu
Pro que não tem cura, o sol
Pro 92 que não volta, a prece
Vai sol, aparece.
Mas não deixa o verde queimar
Se ele ainda existe...

Uma balada triste
Para quem ainda sabe sorrir.

5 de abril de 2010

Adeus, Ao Adieux

Demorei para perceber, mas pude ver
que em dias de feriado
nem toda surpresa é boa
Um perfil que chega a te fazer tremer o peito
Mas tudo isso já não era para ser normal?

Quando a folha em branco acaba
O fim torna-se fato
Só que papel não tem alma, tem?

Fica bem lá, que eu fico aqui
Se me chamar, já me perdi
Com as mãos no rosto, não posso ouvir.

Em dias que o sol não aparece
E os sorrisos ficam escondidos brincando
Pela janela, vejo e não me sinto daqui
De um mundo tão belo para os olhos
E esquisito pro coração

Vai-se a paixão, fica o amor, vazio
Ou seria completo em si,
para ficar isolado, tatuí?
Agora me deixa de lado
E eu deixo bom para você,
adieux.


21 de março de 2010

Dissertação Do Amor Que Tive.

O que posso falar do amor que tive.
Vivi-o, curti-o, traí-o e busquei a redenção
O afã que se dissipara, uniu-se
Não havia sido extinta a veemente paixão
Implorei, senti doer como nunca, talvez.

Mas a dor do arrepender-se só não é pior
Do que a de nunca ter aprendido por não ter arrependimentos.

Pensamentos que vem e vão, vão
E levaram-no pro lado de lá
Posso um dia trazer sua barba morango por cá
E se não vier, que fique o doce do que foi passado.
O amargo que auto-destrua-se, crua verdade que não se traga
Quando perdido está
Fica bem mais difícil achar
Tão difícil.