31 de agosto de 2009

Projeto de Atuação

Num bate papo
Enquanto a madrugada já despontou
Faz tempo
Quem projeta as casas do povo
diz que sempre trabalha
por um tempo novo
Apesar da falta das horas.
Que quando não trabalha no cubo
Refrigerado e com aroma de café
Procura um outro horário, um outro grupo
Pra um concurso, uma disputa fresquinha
Como a tinta que ainda vai pintar
A habitação popular.
Só não dá pra parar de trabalhar, de calcular
Enquanto o sol não chegar.
Foi o que o arquiteto contou

Mas o sol ainda não raiou
Na terra do céu enevoado

E a madruga continua se estendendo
O sono se foi
Quem joga e representa para os outros
Conta dos dias feios por que tem passado
Em um cenário sem praia, sem sossego e sem amor
O horror que a ronda e a viagem que faz pelos livros
Nas histórias mais longas ou curtas, loucas e lúdicas
Sua gaveta abre e vão se compondo as personagens
Pelos passos que dá, um espaço que se cria, não parar
até não tropeçar haja o que vier. E a cama já esquecida,
reflete a olheira já vista por qualquer espelho.
Só não pode parar de treinar, de estudar
Enquanto o sol não chegar.
Foi a atriz que contou.

Nem o céu pôde ficar azul
Na terra com cheiro de mar.

Pra um sotaque de amizade
Mais notícias sem estrutura
E se aproxima o chamado do escritório
O arquiteto despluga e mergulha em seu lençol
A atriz pluga no texto e vai decorar.

Tão cedo, vai ser difícil de acordar...

26 de agosto de 2009

inMusa NãoConvidada

Sonata
Sonâmbulo
Soneca
Soneto
Sônico
Sonoro
Sono...

Porque insiste em partir todas as noites?

Não quero a amizade da musa
que diariamente insiste em fazer uma visita
Duradoura, insistente e intensa
Àqueles que da cobertura negra e imensa
Vestem-se mas não conseguem o conforto

O próximo dia fica morto.
E um atrás do outro...

Essa noite você não é convidada, srta. Inmusa!
Mas como todo bom intruso
Com o desuso do meu travesseiro
Você bate e persiste em entrar
Quando as estrelas já começam a cair.

Seja bem-vinda, então.
Vamos prosear, discutir, escrever e brigar
Até quando seu amigo bater,
domar e me derrubar.

(bocejo
= o aviso, melhor, o som dos passos do sono
quando o tão aguardado resolve se aproximar
da porta do meu quarto).