30 de setembro de 2007

A Quem Vi Voar

Eu queria ser um pássaro
Para voar, transportar
Passear e viajar pelo país
Pelo mundo...em seus litorais
E em seus locais mais profundos

Não ter regras mesquinhas
Apenas voar e me alimentar
O suficiente pra fome matar
Sem gula, sem me fartar
Minhocas não te fazem engasgar

Mas sem asas, continuo
Andar, carminhar, passear
Sou da terra, sou do ar
Estou solto ao vento para me levar
Uma mochila, uma barraca, acampar
Sobre as folhas, prefiro deitar
E o ar mais puro respirar

Sou um pássaro e serei
O viajante que na trilha vai andar
E que nos mares vai velejar
E que por entre as nuves vai viajar
E o Brasil, em mim vai estar
E todo o mundo, não me pertencerá
Mas sim, pertencerei

Como poeira que voa, repousa
E volta a voar livre no ventar.

14 de setembro de 2007

Um Aroma

Um café, um livro
o silêncio
Um aroma confortável
Sinto na língua
o incêndio.

Inflama a alma
o conhecimento
Concentra-se nas letras
o momento.

Corre o tempo
Repousa a xícara
esfria.

Já de pé e completa
Despeço-me da saleta

vazia.

8 de setembro de 2007

Bolha de Sabão

Sinto o vazio do ar
Como a bolha de sabão
Comprimida e colorida
Antes de estourar

Ah, se pudesse flutuar
Transporia o alto portão
Em atmosfera desconhecida
Iria levemente brincar

Humanamente posso falar
Mas não preencher o vão
Das cores mais sortidas
Como a bolha que já nasce
Com a certeza que irá estourar...

6 de setembro de 2007

A Pavarotti.

Hoje o teatro está de luto!
Paris, Itália...onde se há
Ópera viva, cai uma lágrima.

O anúncio soa bruto
Ressona a tristeza que a platéia está
Adormece o vulcão, esfria o magma.

Já sólido, ele evapora
Rompe as nuvens e o céu
Eternizada é a voz.

Já se vai na boa hora
Pois produzido o sonoro mel
Descansa a abelha, após.

Lanceloti, trote, morte
Sorte, forte, mote
Em paz, senhor Pavarotti!
...

3 de setembro de 2007

O Pouso

Tenho pressa
Pela surpresa que há de chegar
Tenho pressa
Pela surpresa que hei de entregar

A respiração que ofega
Implora o girar do relógio
Desbaratina o juízo pelo não óbvio
Se ainda não nos vemos, estou cega

Agora o pouso beija a pista
O que era breu, clareia
O arfar de antes já incendeia
Os olhos que já vêem o número na lista.