Acordo com
sono, sentindo os ossos e até a pele quebrada pela escassez das horas em que
estive na cama. Cerca de duas horas, duas horas e meia, suponho. Mal me sento,
preparando os pés para me sustentar e uma notícia (mais uma!), me deixa com as
vísceras reviradas e o vômito corrosivo na iminência de sair. Pensando bem,
acho que o vômito apodrecido, na verdade, era arremessado como areia nos meus
olhos e ouvidos. A repórter ao falar, dava um tapa matinal na cara da população
brasileira. Um tapa de impunidade, de escárnio, uma porrada lavada pela
cachoeira de sangue e dejetos que sorria ao dar um pequeno adeus safado para as
grades antes companheiras.
Senti
vergonha. Não de ser quem eu sou ou estar onde estou, ou por minha moral e ética
muito bem lapidadas por uma mulher que com toda pobreza e dificuldades soube me
educar clara e eficientemente bem, obrigada. Mas vergonha por estar em um país
onde todos os dias as notícias (principalmente, no que tange à política) são
péssimas novas. Péssimos exemplos que constróem uma sociedade com um pensamento
bizarro de que o importante é sair por cima da carne seca sempre e dar um “pequenino
adeus” para a câmera no fim.
Beijinho,
beijinho, tchau, tchau.
E foda-se.
E pau, pau.
E empalhamento para quem é adversário ou minoria.
E foda-se.
E pau, pau.
E empalhamento para quem é adversário ou minoria.
Em uma
dessas tragédias gregas, Ésquilo ou outro humano qualquer discursa, através da
fala de um deus do Olimpo, que os mortais têm essa mania de pisar naqueles que
já estão no chão. Infelizmente, é a mais pura verdade.
Ah, a mesquinhez
e a falta de vergonha, de peso na cova e na consciência de roubar daqueles que
possuem tão pouco. De usurpar o dinheiro do lanche que mantém em pé os pequenos
sacos de batata vazios que mal conseguem sustentar-se para adquirir mais
gulodices, gordura e requintes, até importados, para as barrigas flácidas,
obesas ou super esticadas por cirurgias plásticas pagas muitas vezes com a
verba destinada à saúde pública.
Quanto asco!
Senti vontade de morar em um desses países cuja lei é a da tolerância zero.
Para esses corruptos, ladrões e porcos escrotos (com todo respeito aos suínos
que não merecem tal xingamento, coitados), a punição é o corte dos dedos, da
mão, do braço, a retirada dos olhos etc.
É esse o mal
do século, não é? A intolerância.
Fica muito
difícil ser tolerante diante de tanta desumanidade. É a época da exaltação das
atitudes filhas-da-puta (com todo respeito às putas, claro).
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