11 de junho de 2011

Ela [que quer ser atingível ou uma flor]

Sentou lá pra esperar

Uma parte, como a letra escarlate que você gravou

Um inteiro, no jeito obtuso que se auto-alcunhou

E que prontamente, ela renegou.


Olha-se para os dois lados

E a companheira solidão é bem-vinda

Porque ela se conforma com os devaneios acordados

Que pincelam ainda mais de cinza a atmosfera

Que uma outra sugou.


Tempo sufocante com cheiro de flor

Em meio à selva há sempre o frescor

E não só o medo.


Ainda sentada, os lábios róseos sussurram

Em um tom quase leve que só ouvem os objetos

próximos as portas lacrimosas e quase cerradas:

“Estive correndo com rumo, sem roupas

Sem as armaduras que outrora me vesti

Sigo despida, meu amor

Deito-me para que quem sabe, meu corpo vire flor

E tua chuva pouse, que seja uma gota ou toda ela, por aqui

Ou escolho não crescer.

Não há caminhar longe de você. Se ando,

É acreditando que um dia me seguirá,

Passeará pela estrada, que não mais uma BR quer ser.

Quer ser caminho, como dito flor, e não mais uma ponta.

Se vou, é pra te ver voltar.”


E nas palavras finais, ela diz assim:

“Queria ser mais. Um tudo e o melhor, se é possível.

Se a perfeição é inatingível, desminto então.

Quero ser um ser, tangível, uma mulher

Pra que suas mãos possam me tocar.

Que eu seja o nada, então, não tenho medo.

Se o nada for o que você deseja

Do fundo do oceano dos poros

Do barco que é o seu coração,

possa afundar em mim por vontade?”


Levantou-se.

Ao redor o mundo gris, modificou-se.

Ninguém apareceu. Seguiu em frente


Para que ele pudesse interrompê-la.

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