Sentou lá pra esperar
Uma parte, como a letra escarlate que você gravou
Um inteiro, no jeito obtuso que se auto-alcunhou
E que prontamente, ela renegou.
Olha-se para os dois lados
E a companheira solidão é bem-vinda
Porque ela se conforma com os devaneios acordados
Que pincelam ainda mais de cinza a atmosfera
Que uma outra sugou.
Tempo sufocante com cheiro de flor
Em meio à selva há sempre o frescor
E não só o medo.
Ainda sentada, os lábios róseos sussurram
Em um tom quase leve que só ouvem os objetos
próximos as portas lacrimosas e quase cerradas:
“Estive correndo com rumo, sem roupas
Sem as armaduras que outrora me vesti
Sigo despida, meu amor
Deito-me para que quem sabe, meu corpo vire flor
E tua chuva pouse, que seja uma gota ou toda ela, por aqui
Ou escolho não crescer.
Não há caminhar longe de você. Se ando,
É acreditando que um dia me seguirá,
Passeará pela estrada, que não mais uma BR quer ser.
Quer ser caminho, como dito flor, e não mais uma ponta.
Se vou, é pra te ver voltar.”
E nas palavras finais, ela diz assim:
“Queria ser mais. Um tudo e o melhor, se é possível.
Se a perfeição é inatingível, desminto então.
Quero ser um ser, tangível, uma mulher
Pra que suas mãos possam me tocar.
Que eu seja o nada, então, não tenho medo.
Se o nada for o que você deseja
Do fundo do oceano dos poros
Do barco que é o seu coração,
possa afundar em mim por vontade?”
Levantou-se.
Ao redor o mundo gris, modificou-se.
Ninguém apareceu. Seguiu em frente
Para que ele pudesse interrompê-la.
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