9 de junho de 2012

Nobreza [Inspirações em Dia de Chuva]

Nas madrugadas, a água parece mais fria
A mão não esquenta nem por um decreto
Se eu fosse rei decretaria
manter a temperatura estável e morna
das mãos, dos pés e daquele que palpita.
Se eu fosse rei. Ah... se eu fosse rei
Decretaria correspondência, amabilidade,
igualdade, e acima de tudo,
que a verdade fosse doce.
Sempre doce causando ao hormônio
mais displicente uma paz impossível de pensar
àqueles que não são capazes de pensar em verdade
através da verossimilhança, e não só da fatalidade.

Decretaria o caos disforme que assemelha as formas
mais opostas, e aproximam-nas
E as unem de maneira que só os humanos
são capazes de fazer, com paixão.
Seria um rei humano, por certo.
Decretaria o teletransporte e que eu,
fosse assim, exatamente como sou, eu.
E quem seria eu? Quem sou?

A busca pelo ser pode ser um atirar-se
num abismo mais profundo que a abertura
mais dolorida.
Em dias frios, observa-se como se não morasse no peito.
O mesmo peito de rei, ou plebe, que sempre te segurou
Ou melhor, não te derrubou para frente
mas o manteve de pé.

Sou o rei do peito congelado,
doado a quem quer que fosse
e quebrado pelo tempo.
Correr da vontade é negar um cobertor
quando a temperatura despenca sobre os seus dedos.
Mas ainda sim, sou o rei que segura o fervor
da benevolência ao outro, ou mesmo a você.
Decretaria o melhor, ainda que não o compreendessem.
Ou pesaria e compensaria o entendimento
com a nobreza do jovem cego atirador.

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