29 de fevereiro de 2008

Cheio

O branco
Quando aparece
As palavras
Desaparecem
As sensações
Já nos esquecem
O que se foi
E me deixou

Escrevo
O que acontece
Quando não há nada
E o interior fenece
E cada linha
Já enaltece
O que pode vir
O que já me amou

E só as letras traduzem
Como cheio de vazio eu sinto
O corpo que não anda
O coração que não bate
A casa que não abriga
O que leva e não rebate.


18 de fevereiro de 2008

A Cada Gota

O mundo
Imundo
Antagônico
Agonizante
Suspira
Quebra a ira
No travesseiro

A cabeça afunda
Se inunda
Pensamantos
Bons momentos
Com você
Tão inteiros

Banho-me a cada gota
De boas visões úmidas
Que tocam mente e alma
Corpo e coração
E já mergulhei totalmente
Quando adormeço e elas se vão.

10 de fevereiro de 2008

O Menino do Livro

O menino do livro
Que lê, fala
Escreve versos
Debate a variedade
Dos assuntos mais complexos
Aconselha as dificuldades


O menino do livro
Vira página do avesso
Enterra todos com suas covas
E os renasce com belas palavras
Já é qualquer personagem
Do popular a Costa Gavras

O menino do livro
Com sorriso tão suave

Grita que sou mulher
Me nomeia todas as estrelas
É tudo que ela quer...

O menino do livro
Já mudou todo um mundo
E pode se transformar
Do mais nobre ao vagabundo.

8 de fevereiro de 2008

Brasa do Meio

Sentir verdadeiramente
É como a brasa
Brilha vêementemente
Sem casa, nem asa

Arde sempre
Pode acalmar ou não
Queima o ventre
E resfria a mão

Se esquece
Acha-se apagada
Pensa que falece
A sensação dourada

E uma brisa
Um vento certeiro
Apenas frisa
O que sabe o corpo inteiro

O sentir verdadeiro
É brasa fixa na alma
Protegida no meio
Mas que nunca está calma.